A Casa enquanto Corpo - Centro de Promoção Social PRODAC - Marvila Lisboa I 28 Junho
Todos os sistemas têm uma inteligência colectiva. Para que ela se manifeste e perdure, é preciso que cada órgão, músculo e célula, se cumpram a Si, e no Todo de que fazem parte. O desejo de todos quererem ser Cabeça, Coração ou Mãos e a desvalorização das partes “menos visíveis” comprometem o equilíbrio e a própria vida do Corpo, e do Sistema.
Uma conversa aberta à Comunidade com Susana Cravo, no PRODAC em Marvila dia 28 de Junho.
A CASA é uma mostra de trabalhos do Artista/Artesão Ernesto Serafim, presente no Centro de Promoção Social PRODAC, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, entre os dias 30 de Maio e 1 de Julho.
Esta iniciativa foi desenvolvida em parceria e contou com a colaboração da Direcção da Cultura da SCML, da Direcção Municipal de Cultura da CML e grande envolvimento da comunidade.
Excerto do texto de apresentação A CASA por Teresa Palma Rodrigues:
"Esta exposição no Centro de Promoção Social PRODAC é muito simbólica. Este bairro, foi uma experiência pioneira na autoconstrução, nascida de uma dinâmica comunitária, na década de 70 do século passado. Desde a gruta pré-histórica, que servia de refúgio e permitia ao ser humano abrigar-se e defender-se de predadores, até aos blocos de habitação dos nossos dias, a intenção da construção da habitação mantém-se: ter um lugar para dormir, guardar bens e, acima de tudo, manter a família reunida e abrigada. Os animais constroem as suas tocas, ou aproveitam estruturas naturais ou artificiais preexistentes para se protegerem, nidificarem e armazenarem alimento. Como um ninho, a casa é um lugar que todos reconhecemos, ou devíamos reconhecer, como um lugar seguro.
O tema da casa, que é tratado pelo Sr. Ernesto (como é carinhosamente conhecido na comunidade), tem sido amplamente tratado na arte contemporânea, por artistas como: Gordon Matta-Clark, Erwin Wurm, Mike Kelley, Emma Rushton, Donald Rodney, Louise Bourgeois, Helena Almeida, Ema M, Fernanda Fragateiro, Ângela Ferreira, André Banha, José Bechara, entre tantos outros... Como refere Gaston Bachelard, em “A Poética do Espaço”, a casa é o “nosso canto no mundo”, “abriga o devaneio”, “protege o sonhador”, “permite-nos sonhar em paz...” (Bachelard, 1993), é um lugar que existe na nossa memória e se constitui de lembranças, significados e sentimentos de proteção. Como lugar de memória, a recordação da nossa casa, carregará sempre a ideia de sonho, de berço, de abrigo e de aconchego."