“Moçambique Precisa de uma Política Alimentar Inclusiva e Sustentável”, OMR
21 de Março
Na sexta-feira (18 de Março) foi lançado o estudo “Sistemas Alimentares Em Moçambique: Rumo a Uma Política Alimentar Nacional”, no qual Máriam Abbas, representante do Observatório do Meio Rural (OMR), abordou, como as políticas alimentares “não podem ser alcançadas sem que existam sistemas alimentares inclusivos”.
Mas a principal conclusão do estudo é que Moçambique precisa de uma política alimentar “capaz de promover a satisfação do direito humano à alimentação, através da dinamização da produção e produtividade agrícola. De uma forma geral, com base nas entrevistas e nos diálogos nacionais, concluiu-se que existe a necessidade de elaboração de uma política alimentar nacional que seja sustentável e centrada nas pessoas”, refere a análise.
Abbas disse, ainda, “que os sistemas alimentares, devem respeitar os direitos humanos, os conhecimentos tradicionais, a biodiversidade, a governação e particularmente os princípios da soberania alimentar.”
Segundo a pesquisadora, “persistem muitas lacunas que dificultam a existência de um sistrema alimentar inclusivo em Moçambique, a começar pela baixa produtividade agrícola, falta de insumos agrícolas apropriados, a questão das perdas com as colheitas, a electrificação, a gestão dos recursos hídricos entre outros factores.”
“Devem disseminar-se mais as técnicas de conservação e de distribuição de alimentos por forma a aumentar a qualidade dos mesmos. Percebemos que Moçambique tem um leque vasto de políticas e estratégias muito diferentes, no entanto observamos que as políticas na agricultura têm focado na produção de alimentos básicos e culturas de rendimento o que acaba não preconizando a diversidade alimentar como as frutas”, salientou.
Em suma, “os actuais programas de alimentação e os sistemas alimentares sustentam uma reprodução de uma agricultura de mercado assente e dependente do mercado internacional, incluindo interesses financeiros privados” recorda.
Portanto, para colmatar todas as dificuldades, os investigadores e o governo representado, argumentam que “deve haver uma transformação dos sistemas alimentares para que integrem uma dieta saudável e tragam uma política alimentar que seja centrada nas pessoas e nos princípios de soberania alimentar.”
“Há uma necessidade de uma política alimentar mais focada, sendo que é preciso acautelar uma questão mais focada da soberania alimentar. E deve ser baseada em direitos, pois o e direito a alimentação deve ser um direito universal, havendo respeito pelos consumidores”, finalizam.
Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de 46% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, que é predominantemente rural, abrangendo cerca de 50% da população, em comparação com 37% da população urbana.
Fonte: Diário Económico