Clássicos para recordar: A Alma e o Poder

Maio 2022

Thomas Moore 

Cuide de Sua Alma

Edição de 1994


 

A alma e o poder

Em relação à alma, o poder não funciona da mesma maneira como com o ego e a vontade. Quando queremos realizar alguma coisa de maneira egoísta, reunimos forças, elaboramos uma estratégia e aplicamos todos os nossos esforços. Este é o tipo de comportamento que James Hillman descreve como heróico ou hercúleo. Ele emprega a palavra no mau sentido: o uso da força bruta e de visão estreita e racionalista.
 

O poder da alma, em contraste assemelha-se mais a um grande reservatório ou, numa imagem tradicional, como a força da água de um rio veloz. Ele é natural, não manipulado, e deriva de uma fonte desconhecida. Nosso papel com essa espécie de poder é o de um observador atento que nota como a alma deseja se lançar à vida.
 

Nossa tarefa consiste ainda, em descobrir maneiras engenhosas de expressar e estruturar esse poder, assumindo total responsabilidade por ele, mas confiando no facto de a alma ter intenções e necessidades que só podemos entender de modo parcial.

Nem a vontade centralizada no ego, de um lado, nem a pura passividade, de outro, são úteis para a alma. O trabalho com a alma exige muita reflexão e dedicação.

Pense em todas as antigas culturas que despejavam massas de dinheiro, materiais e energia em pirâmides, megálitos, templos e catedrais em nome de valores sacros ou da santa imaginação.
 

O truque consiste em encontrar a perspectiva da alma que acciona a paixão e a contemplação imaginativa. Lembro-me que Jung tentou descobrir o que chamava de “função transcendental”, tanto em sua teoria como em sua vida, um ponto de vista que abrangesse as misteriosas profundezas da alma, bem como a compreensão e a intenção conscIentes. Para Jung, era exatamente esse o significado do Eu: um fulcro de acção e inteligência que sente tanto o peso da alma como do intelecto. (...)

O poder que emana dessa fonte tem raízes profundas e não fica destrutivamente enredado em motivos narcisistas. (...)
 

Sondar o poder da alma não tem nada a ver com a necessidade de preencher lacunas do ego ou substituir insatisfatoriamente a perda de seu poder. Qual a fonte desse poder da alma, e como podemos contactá-la? (...) esse poder geralmente provém de lugares inesperados. Antes de mais nada, vem de vivermos ao lado do coração, não contra ele.

Portanto, e de modo paradoxal, o poder da alma pode emergir do fracasso, da depressão e da perda. A regra geral é que a alma surge nas lacunas e furos da experiência. (...)
 

Ensina-se aos escritores “escreverem sobre aquilo que conhecem”. O mesmo conselho se aplica à busca do poder da alma: seja bom naquilo em que você é bom. Muitos de nós despendem tempo e energias tentando ser algo que não somos. Essa é uma atitude contra a alma, pois desta emerge a individualidade do mesmo modo que a água emerge das profundezas da terra.

Somos quem somos devido à combinação especial que constitui nossa alma.

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