A inquietação que levou à acção
O pensamento dual que ainda nos habita a todas e a todos e que nos leva a ver o mundo como “isto ou aquilo”; “certo ou errado”; “bom ou mau”; “nós e a(o)s outra(o)s”; “aqui e lá”. O paradigma antropocêntrico e a cultura de “resolver problemas”, em vez de manter e desenvolver as relações que garantam o equilíbrio e vida naturalmente existentes. E inevitavelmente, a viagem entre os mundos e a observação dos desiquilíbrios que ainda se fazem sentir.
Excesso e carência acentuam-se, desvirtuando a potência de cada território, e tudo isto resulta da visão mecanicista e estéril que insistimos em perpetuar.
Toldados pelo hábito de fazer, replicar, controlar, continuamos incapazes de habitar as perguntas, de ouvir todas as vozes, de olhar para a história não recente, e de a partir de um lugar de abertura e humildade, perspectivar novos caminhos, mais fertéis para todas e todos.
À primeira vista, esta pode parecer-lhe apenas mais uma iniciativa pelas Mulheres.
Se é verdade que a minha experiência pessoal e sociológica tem vindo a constatar que são sobretudo as Mulheres que garantem que a vida continua, na Família, na Escola, na Comunidade, na Terra e na Guerra, também é verdade que a nossa intenção de fazer o bem, e de resolver problemas isolados, não nos tem trazido a lugares harmoniosos e prósperos, para todas e para todos.
O desconhecimento e preconceito em relação ao conceito de género, ainda toca a todos os mundos, do sul ao norte, da classe baixa e analfabeta, à classe alta e sobreeducada.
O boom de iniciativas que visa contribuir para a tão desejada Igualdade de Género, continua muitas vezes focado nas práticas (Fazer), não dando a devida atenção à natureza intrínseca de cada parte (Essência) e às necessidades primordiais (Raíz e Causas) do sistema. Além disso gera muitas vezes fragmentação, sectorial e geográfica, entre classes, indústrias, regiões, inequivocamente entre o mundo urbano e o mundo rural, desenvolvido e sub-desenvolvido, global e tribal, moderno e ancestral, mas também, e não menos importante, entre Mulheres e Homens.
Uma polarização e até distorção do Feminino e do Masculino, cuja tensão se faz sentir um pouco por todo o mundo. Talvez nos falte, isso sim, atenuar a forma hiper racional, competitiva, masculinizada e orientada para a acção, e abrirmo-nos a uma forma mais feminina, orientada para a cooperação, conectada com o coração, intuição, criatividade e em consonância e profundo respeito com a ciclicidade da vida.
A acção
O Reflorestar é um contributo para activar a reconciliação e cooperação através do diálogo e participação inclusiva.
Inspirado pelo olhar do Desenvolvimento Regenerativo, que traz a visão sistémica dos organismos vivos para as pessoas, organizações e projectos, guiar-nos-á, através de histórias, conteúdos e artigos especializados, formações e círculos, por esta vontade de regenerar, revitalizar e religar sistemas sociais, culturais, económicos e ecológicos.
Afinal de contas, a nossa grande missão colectiva, é garantir que a vida continua e para isso somos todas e todos chamados a cooperar.