Agosto I As Histórias que Contamos

Por vezes, as histórias que contamos sobre como o mundo funciona, quem são os vilões, quem são as vítimas, quem serve o enredo e quem chuta para o precipício, tornam-se tão territoriais e fixas - como uma floresta convertida em parque, sobreposta a mapas, placas de sinalização, e pequenas histórias enterradas nas entradas dos seus caminhos - que caímos presos na comodidade do hábito, impenetráveis ao facto de até as paisagens viajarem.
 

A imagem congela-nos, dessensibiliza-nos para pequenos acontecimentos moleculares, para as pequenas trocas aqui e ali, para o fim de papéis há muito estabelecidos.

Nos momentos em que nos recusamos a ceder, quando nos dizemos que a justiça exige que nos cinjamos às histórias a que estamos habituados, começamos a comer-nos a nós próprios, a subjugar-nos, a tornar-nos naquilo que dizemos que é o "outro".
 

Nesses tempos, a coisa a fazer - se formos tão habilitados e dotados pela agência do "trickster" - pode ser ficarmos com as tensões da duplicidade. Ouvir quando seria mais fácil falar. Sentar-se com o choque da caricatura onde se procura a afirmação da imagem habitual, pois a caricatura é a forma como a imagem deixa cair o cabelo e respira.

A caricatura é a recusa secreta da imagem em permanecer fiel às nossas concepções do mundo.


 

Bayo Akmolafe é um Nigeriano de origem Iorubá, Autor, Professor, Orador e Poeta. Apesar de ser Ph.D em Psicologia Clínica, descreve-se como Psicólogo em recuperação e Fugitivo. Vastamente convidado e celebrado internacionalmente, ele é o “convener” dos conceitos de 'pos-activismo', 'transracialidade' e 'ontofugitividade', É Curador da Plataforma The Emergence Network e Autor dos Livros: These Wilds Beyond our Fences: Letters to My Daughter on Humanity’s Search for Home e We Will Tell our Own Story: The Lions of Africa Speak.

Está entre os pensadores que apontam a disfunção crescente gerada pela visão da separação. Considera que a busca ansiosa de respostas definitivas, é um dos problemas, e que é preciso olhar para além da dicotomia problemas e soluções, crises e controlo. Nas suas intervenções muitas vezes introduz uma expressão de origem Africana: “The times are urgent, we need to slow down”.

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