Fórum da Sustentabilidade: Muhammad Yunus vem a Portugal - Matosinhos I 19 e 20 de Maio
Yunus, conhecido como o banqueiro dos pobres, vem a Portugal defender a teoria dos três zeros.
O Nobel da Paz, considerado pai do microcrédito, defende a tecnologia como bênção e maldição, num mundo construído à base de um sistema que suga a riqueza de baixo para cima.
Para Muhammad Yunus, é impossível ter paz sem acabar com a pobreza. Uma realidade que conhece bem desde a nascença. O economista nasceu no Bangladesh, no seio de uma família com 14 filhos, e vivenciou todas as dificuldades que o país atravessou desde a independência que o separou do Paquistão.
Nobel da Paz em 2006, fundador do Grameen Bank, que ajudou milhões de pessoas no mundo a sair da pobreza, através do conceito do microcrédito, vai ser orador do Fórum da Sustentabilidade, dias 19 e 20 de maio, em Matosinhos. (...)
Hoje afirma que o microcrédito desafia um sistema financeiro errado e que há uma "máquina" que suga toda a riqueza de baixo para cima e que empurra o dinheiro para o topo da pirâmide. Considera que os homens andam tão hipnotizados com o lucro, que se esquecem que todos somos seres humanos, e é preciso cuidar de outras coisas mais importantes, como a sobrevivência das espécies e do próprio planeta.
Tem grande esperança nas futuras gerações. Considera que os jovens estão em vantagem para trilhar novos caminhos para o futuro, uma vez que os velhos já se acostumaram ao atual status quo. Defende, por isso, a teoria dos três zeros: zero de aquecimento global, zero de concentração de riqueza e zero de desemprego.
Para Yunus, o próprio mundo criou o seu grande e grave problema com o aquecimento global e deixa no ar a questão: Às mudanças climáticas, juntou-se a pandemia, a guerra na Ucrânia e o aumento do custo de vida, será que estamos todos a levar a sério os efeitos que isso traz?
Já perante a revolução digital e os avanços constantes da tecnologia, considera que a inteligência artificial (IA) pode ser uma bênção, mas também uma maldição. Diz ser um grande entusiasta das novas tecnologias, mas questiona: Não serão também perigosas? Adianta que "todas as coisas bonitas que acontecem no mundo são por causa da tecnologia, mas não basta ver apenas o lado bom, porque se as tecnologias têm a capacidade de mudar o mundo da noite para o dia, quem está à frente delas também as pode usar de forma destrutível".
Para este homem com uma história de vida curiosa e reconhecido no mundo como um dos principais defensores dos direitos humanos, a humanidade tem pouco tempo, cerca de 30 a 50 anos, para salvar o planeta.
Talvez por isso uma das suas apostas é a educação, afirmando que "se queremos construir uma nova civilização então temos que voltar ao sistema educativo". No final do ano passado, anunciou a abertura do "Lisbon UNOS Innovation" um centro realizado em parceria com a Universidade Católica Portuguesa. Adianta que, se for usada a capacidade de contribuir para o bem-estar do ser humano, através de incentivos às universidades, criando redes sociais, centros de negócios, cursos e debates, explicando o que é a nova economia, responde-se a esse desígnio de tornar o mundo mais sustentável e o planeta melhor.
Fonte: tsf.pt