Escolhe com consciência – Do Fast Fashion ao Slow Fashion
Abril 2022
Resumindo o Fast Fashion: Roupa barata e trendy produzida em alta velocidade em grandes cadeias de moda. O objectivo é conseguir os últimos estilos das passerelles o mais rápido possível.
“Ser relevante” é vestir a última tendência assim que esta surge. É parte de um sistema tóxico de sobreprodução que converteu a indústria da moda numa das mais poluentes.
O Slow Fashion começa a ganhar terreno, sobretudo nos Países desenvolvidos, graças aos movimentos de contestação que trazem a público nas últimas décadas, histórias graves ligadas aos bastidores das cadeias de produção e abastecimento. De escravatura e crueldade à destruição de ecossistemas, os danos são incalculáveis e toda(o)s nós consumidores, podemos tomar decisões mais conscientes, que actualmente já podem recorrer a fontes fidedignas para recolher informação.
Comprar a marcas sustentáveis:
Ter em conta como as marcas se classificam em áreas-chave, incluindo a utilização de tecidos sustentáveis, impacto climático, salários e condições de trabalho justos, direitos dos animais, e transparência da cadeia de abastecimento.
Também aqui se aplicam os 5 R’s da Sustentabilidade:
Repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar.
Antes de comprar devo perguntar-me se preciso mesmo? É completamente absurda a forma como nos habituamos a comprar (e descartar) roupa.
É comercializado de forma justa? Muitos retalhistas dependem de trabalhadores de vestuário com excesso de trabalho e mal pagos para continuarem a produzir moda rápida.
É preferível comprar menos, mas de qualidade, e a procura de materiais orgânicos, é determinante. Existem muitos problemas associados à produção de materiais não orgânicos. Em particular, o algodão não certificado, pode estar ligado à utilização de trabalho forçado e à utilização generalizada de químicos tóxicos, que prejudicam gravemente o ambiente.
A já conhecida “viscose suja” ou “rayon”, é um exemplo muito contestado, que tem um processo de fabrico muito poluente, a viscose mais limpa é rotulada como lyocell, Tencel ou Monocel.
É pele ou couro? Cerca de 100 milhões de animais são mortos todos os anos pelas suas peles, e o couro tem um custo elevado em termos do ambiente, bem como a crueldade e a violação dos direitos dos animais deve ser tida em conta. Evite roupas que contenham estes tecidos.
Também é um mito achar que as peles vegan são amigas do ambiente, a maior parte delas são feitas de materiais poluentes, não biodegradáveis. Alternativas eco-friendly como o abacaxi ou a casca de coco são de longe mais éticas e sustentáveis.
A roupa em segunda mão, que teve um crescimento exponencial por exemplo no Reino Unido, há 2 décadas e que estava inicialmente associada à “pobreza”, tem vingado em mercados cada vez mais exigentes e apresenta opções já com um elevado nível de qualidade. Actualmente a moda circular, não se esgota nas lojas de segunda mão, desde as swap parties mais reservadas, aos eventos de moda sustentável com glamour, muitas são as opções para renovar o nosso closet.
O upcycling é outra opção e há cada vez mais profissionais a mostrar como uma peça antiga pode ser transformada e renovada, quer em Workshops públicos, quer nos seus Ateliers. Em média uma pessoa veste 20% do seu guarda-roupa 80% do tempo. Um olhar diferente sobre peças antigas pode trazer um refresh mais alinhado com o estilo pessoal que se procura.
Produzir roupa nova tem uma pegada de carbono significativa: Um par de calças de ganga novo é equivalente a conduzir 50 milhas. O prolongamento do ciclo de vida de um artigo de vestuário por apenas mais nove meses pode reduzir em 20-30% os impactos relativos de carbono, água e resíduos desse vestuário.
Doar roupa continua a ser uma forma de ajudar pessoas e o ambiente, contudo é importante fazer uma triagem do que vamos dar – está em condições?; e a quem vamos dar – tem utilidade?.
Devemos ter presente que o excesso de roupa que é consumida (e descartada) alimenta cadeias de abastecimento nem sempre éticas, criando mercados paralelos questionáveis, como acontece por exemplo em Moçambique, Gana e Índia e contribuíndo para impactos ambientais incalculáveis, como o caso de Atacama, denunciado em Novembro de 2021 por um relatório da Agence France-Presse (AFP) sobre as montanhas de roupas descartadas que acabaram no deserto chileno do Atacama.
Um total de 59.000 toneladas de roupa em segunda mão chega ao Chile para revenda todos os anos da Europa, EUA e Ásia. No entanto, estima-se que 39.000 toneladas não podem ser vendidas e acabam por ser despejadas no deserto.
Mesmo o crescente mercado da moda circular, não consegue acompanhar o sobreconsumo de vestuário novo.
Repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar, são verbos chave para Designers, Produtores, Influenciadores e Consumidores.
Fonte: Ethicalconsumer.org e Dress & Change (adaptado de)