O Caminho para a Viabilidade I Guilding - A Evolução Natural do Marketing
Dezembro
O Caminho para a Viabilidade
Olhemos agora para a materialidade do dinheiro pelo ângulo da água.
Observemos a palavra liquidez. Por norma, associamos a palavra liquidez a um conceito de gestão. Ter "dinheiro no bolso", "ter disponibilidade de investimento imediata", "ter recursos financeiros de fácil mobilização". Mas a palavra liquidez por definição, define-se como a qualidade ou estado do que é líquido = FLUIDEZ.
Portanto, a associação às qualidades da água deveriam estar presentes sempre que pensamos e usamos a nossa capacidade financeira. Aponto ainda para a qualidade feminina da água. A palavra não só se trata de um nome feminino como aponta para um lugar igualmente feminino de entendimento do mundo. Quando pensamos em água, podemos pensar igualmente em emoções, nas águas internas que nos movem. E lidar com emoções e com os fluxos internos é uma capacidade normalmente atribuída a uma forma feminina de se interagir com o mundo
Assim por esta lente, o que deveria ser tido em consideração? Ora, o valor da água vem tanto da sua presença quantitativa como da sua circulação. Se a água for escassa ou não circular (o que essencialmente equivale à mesma coisa), então poderá ocorrer desertificação. Se for demasiado abundante, o resultado final é pantanoso, bolorento e pode gerar morte por "afogamento".
Portanto, a água, tal como o dinheiro, precisam existir quanto baste e estar corretamente distribuída de forma a optimizar o potencial de vida e a capacidade criativa (e evolutiva), de um ecossistema.
Usando a metáfora da água aplicada à circulação monetária, pode ser vista por dois prismas:
1) o da circulação - uma moeda tal como a água precisa de estar em circulação, pelo que qualquer sistema que perpetue ou reforce o armazenamento quebrando o fluxo da sua distribuição, está não apenas a retirar energia ao sistema, mas também a diminuir a qualidade do recurso em si;
.2) o da sua distribuição e de intensidade de fluxo - má circulação económica para a população activa, estimulação de emprego com baixos salários, fábricas fechadas ou desintegração de infraestruturas coletivas, reduz a procura agregada, e prejudica a viabilidade económica geral.
Poderá afirmar-se que uma disfuncional circulação monetária pode causar necrose ao sistema.
Assim, uma rede de fluxo é qualquer sistema cuja existência surge e depende da circulação de energia, recursos, informação por todo o seu ser. O nosso corpo, por exemplo, é uma rede integrada de células mantidas saudáveis pela circulação de energia, água, nutrientes e produtos internos.
Ecossistemas são redes interconectadas de plantas, animais (incluindo decompositores) e tudo o que vive ou é inerte que se somam e trocam fluxos de oxigénio, carbono, nitrogénio, etc.
Economias são redes interligadas de pessoas, comunidades e negócios, que dependem da circulação de informações, recursos, dinheiro, bens e serviços.
Uma boa circulação afeta a economia no sentido da sua viabilidade da mesma forma que afeta os organismos vivos e o metabolismo do ecossistema em geral mostrando-se como um fator essencial no metabolismo, manutenção e força motriz do mesmo. É um motor do ecossistema. Nutre, energiza, e conecta todas as complexas funções colaborativas que um sistema socioeconómico precisa para florescer.
O impacto de uma boa circulação monetária na economia é facilmente observável como liquidez do sistema, novas ideias, informações, recursos e fontes de energia disponíveis para todos.
Fonte: Excerto do Livro "Guilding - A Evolução Natural do Marketing", Bárbara Leão de Carvalho PhD, Editora Bambual Portugal,