Trauma Sistémico

Abril 2024


 

Enquanto a minha arrepiante porosidade me traz informação de forma avassaladora, agarro-me ao corpo, como uma Mãe que protege o seu filho, num respirar irregular entre a rendição e a resistência.
Esta vida que se manifesta em mim, enredada com todas as histórias que me chegam, deixa-me tonta, nauseada, vulnerável, recordando-me da potência do contexto e da falácia da soberania individual.

A mesma vida que me atravessa e rasga de forma avassaladora, ampara-me, sustenta-me, cuida-me. Mas desafia-me ao limite, e vou-me dando conta que o limite expande, e se vai enredando com “outros limites”.

Há uma força que me habita que não é só minha. Uma vontade-poder que se disponibiliza a sustentar e proteger este corpo, atravessado pelo trauma sistémico que grita para ser visto.

Que esta passagem do pessoal para o impessoal, me seja o mais compassiva possível.
Que o coração me mostre o caminho.
Que haja uma mão, um chão e um abraço, para cada grito e lamento que chega.

Estes uivos do vento e estas lágrimas torrenciais de hoje, também são dela.

7 de Abril 
Dia da Mulher Moçambicana


Susana Cravo
Foto: Celestina, Ocua, Cabo Delgado

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