Abril I A Ressurreição não é um Triunfo Limpo

Abril 


Sofia Batalha I A Ressureição não é um Triunfo Limpo

 

No Domingo de Páscoa, dia de ressurreição e promessa de renovação, somos convidados a relembrar que a vida não renasce sem atravessar a morte ou o túmulo-chão.

E se olharmos o túmulo não só como metáfora espiritual, mas como corpo e território real, como metamorfose ecológica?

Se os corpos menstruantes, envenenados por toxinas invisíveis, forem também paisagens feridas à espera de renascer?

E se os deuses da Páscoa — outrora ligados à fertilidade e à primavera, como Ostara — forem hoje híbridos tóxicos, deformados pelos venenos que a modernidade cultiva?

Nesta Páscoa, talvez a travessia sagrada esteja em escutar os corpos que sangram e os solos que choram, reconhecendo que a ressurreição não se faz com milagres abstratos, mas com a coragem e amor radical de ver as feridas da Terra e do corpo como um mesmo altar.

Ressurreição, então, não é um triunfo limpo, mas o gesto fundo de invocar outras narrativas, onde o cuidado renasce como prática política, relacional e mítica, em plena digestão ecológica das divindades feridas.


Fonte: Sofia Batalha, Texto Introdutório do Artigo "Deusas Tóxicas" https://www.reflorestar.org/pt/saude/deusas-toxicas

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