Junho I O Caminho do Artista

Junho


O Caminho do Artista

Julia Cameron


 

ESCUTAR

A habilidade de escutar é algo que estamos aperfeiçoando com o uso das páginas matinais e dos encontros com o artista. As páginas treinam-nos a ouvir o que o Censor não nos permitia escutar. Os encontros com o artista podem ajudar-nos a detetar a voz da inspiracão. Embora as duas atividades pareçam ser desvinculadas do ato de fazer arte em si, elas são fundamentais para o processo criativo.

A arte não é apenas encontrar uma ideia nas nuvens. É o oposto – é trazer algo para o chão. As direções são importantes aqui.

Se estamos a tentar buscar a ideia lá no alto, nós nos esgaçamos para atingir algo que está além do nosso alcance, “lá na estratosfera, onde vive a arte superior...”

Quando trazemos a ideia para o chão, não há esforço exagerado. Não estamos fazendo; estamos recebendo. Alguém ou alguma coisa está em ação. Em vez de tentar alcançar invenções, estamos engajados em escutar.
 

(...)

Quando um ator está presente no momento, ele está engajado em escutar a próxima coisa certa para o seu personagem. Quando um pintor está pintando, ele pode começar com um plano, mas esse plano pode se render ao plano da própria pintura. Isso é muitas vezes expressado pela frase “O pincel é que me está a guiar”. Na dança, em composição, em escultura, a experiência é a mesma: somos mais o intermediário do que o criador do que expressamos.

A arte é um ato de se sintonizar e jogar o balde dentro do poço. É como se todas as histórias, pinturas, músicas e atuações no mundo vivessem ali pertinho, sob a superfície da nossa consciência normal. Como um rio subterrâneo, elas fluem por nós como uma correnteza de ideias da qual podemos beber. Como artistas, nós descemos até essa correnteza. Escutamos o que está lá em baixo e agimos – é mais uma questão de anotar um ditado do que qualquer coisa mais sofisticada."
 

(...)

Esses momentos de clara inspiracão exigem a nossa fé para segui-los. Podemos praticar pequenos saltos no escuro diariamente nas páginas matinais e nos encontros com o artista. Podemos aprender não apenas a ouvir, mas também a escutar com precisão cada vez maior, aquela voz inspirada e intuitiva que diz: “Faz isto, tenta isto, diz isto...”

A maioria dos escritores já teve a experiência de produzir um poema ou mesmo parágrafos inteiros que lhes chegam prontos. Consideramos esses achados como pequenos milagres. O que deixamos de perceber é que isso é, de facto, a norma. Nós somos mais um instrumento do que autores do nosso trabalho.
 


Fonte: O Caminho do Artista (adaptado da versão brasileira), Julia Cameron

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