Poema da Song Dynasty
Janeiro 2024
Para dar as boas-vindas a 2024, um dos quatro poemas da dinastia Song, de Jiang Kui, traduzido pelo poeta Shangyang Fang, ilumina a trança da terra com o eu interior. Shangyang penetra na dor da saudade, no brilho do amor e no eco do tempo, à medida que entra no reino interior de cada poeta, manifestado na paisagem circundante - no canto dos grilos noturnos, no verde profundo dos salgueiros, na fragrância da flor de ameixoeira, no luar. Fechando a divisão da dualidade, estes poemas dissolvem as fronteiras entre a Terra e o espírito, levando-nos ao entrelaçamento primordial do ser humano e do mundo vivo. (The Emergence Magazine)
DIM SCENT
Jiang Kui, 1155–1221, Southern Song Dynasty
Luar envelhecido, quantas vezes
brilhaste sobre mim, ao lado das flores de ameixa?
Ouvindo o som da flauta.
Acorda, amor - apesar de o ar estar frio
como jade lavado, nós subimos
para colher os botões mais novos. Agora,
envelheci, as minhas pinceladas alheias são demasiado fracas
para recitar o vento da primavera, o esparso,
as esparsas manchas cor-de-rosa para lá da floresta de bambus
que enviam uma fragrância forte.
....
As províncias de água, desoladas.
Quero enviar-te este ramo de flores de ameixa
esta noite. Esta noite, a neve acumula-se
por dez mil quilómetros. O copo de vinho esmeralda
chora contra as pétalas húmidas.
Lembra-te onde nos demos as mãos, o momento
quando mil árvores de repente
se curvaram ao lado de um lago.
Depois, pedaço por pedaço, levadas pelo vento.
Estes passados reunidos... quando, novamente, eu verei?
Fonte: The Emergence Magazine, 8 Janeiro 2024
Foto: Johny Kaufman, Unsplash