Dar Voz aos Lugares
Outubro 2022
Ao pensar o desenvolvimento territorial a partir do paradigma regenerativo, estamos interessados num tipo de desenvolvimento que seja capaz de ouvir e dar voz aos lugares, que se coloque como veículo de expressão desses lugares e que busque fazer com que o desenvolvimento reflita a essência do território, e não o descaracterize.
Para nós, desenvolver significa retirar o manto e revelar a essência de algo. Entendemos a regeneração como um processo de evolução e desenvolvimento, que busca recuperar a vitalidade dos lugares a partir da sua essência. É sobre a realização do potencial local, a partir de uma contribuição singular ao todo em que está inserido.
O texto “ver holisticamente” de Allan Kaplan, lembra-nos que para isso, é necessário desenvolver e empregar um tipo de consciência que chamamos de consciência holística. Ao lidar com organismos vivos no seu processo de desenvolvimento e mudança estamos a lidar com aspectos invisíveis da existência e não apenas com um mundo de objectos sólidos.
Um lugar possui um campo de energia que pode ser vitalizador ou desvitalizador — propício ao desenvolvimento ou não. Estando cientes desses aspectos invisíveis, podemos trabalhar o campo junto com as pessoas do lugar. Podemos criar um campo vitalizador que active a vontade das pessoas e gere um campo fértil ao desenvolvimento.
Para isso precisamos de uma observação atenta e rigorosa. Assim, entendemos que a fenomenologia pode ajudar-nos a ouvir o lugar sistematicamente e a termos uma aproximação disciplinada da essência dos lugares e dos fenómenos nos quais podemos intervir.
Adaptado de Felipe Tavares
IDR - Instituto de Desenvolvimento Regenerativo
Foto de Mary Brennan - Unsplash